segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Faxina no Céu

Tempestades costumavam nos assustar quando crianças (e pra falar a verdade até agora, embora fosse bem pior com 4 ou 5 anos). Lembro de começar a entrar em estado de faniquito (a louca!) quando a chuva forte começava, então minha mãe me acalmava dizendo que estavam lavando o chão no céu.





Então, lá ia eu a contemplar o céu nublado e imaginar São Pedro empurrando os armários (minha explicação para o barulho dos trovões. Mas cá entre nós, não é mesmo parecido?) e quando o trovão era alto e assustador, eu tinha uma explicação: São Pedro tinha derrubado o armário!

Podia até mesmo ver a cena: com uma veste de monge marrom, amarrada de modo a deixar as canelas de fora, sandálias de correia de couro, balde e vassoura na mão; lá estava São Pedro fazendo todo aquele "barulhão".



Quando um pouquinho mais velha, a chuva era motivo de alegria no verão. Coisa mais boa era correr com os amigos naquela rua de terra batida sob os pingos frios de água. Melhor do que o banho de chuva, era o cheirinho da terra molhada. Hum... como aquilo era bom, dava até vontade de comer! Vai me dizer que você nunca sentiu o mesmo? Ah, eu sei que sim. E me vinha à cabeça aquela música:

" Era uma vez, um lugarzinho no meio do nada com sabor de chocolate e cheiro de terra molhada..." 


Era a abertura de uma novela da época. Hoje eu sei que a história da minha mãe não era verdade. Trovões são nuvens batendo e não São Pedro derrubando um armário em cima do dedo. E que terra m olhada não tem gosto de chocolate (argh!), se estou na rua e começa a chover, meu primeiro pensamento é: MINHA CHAPINHA!!!!! Seu estou em casa: AS ROUPAS DO VARAL! ou O POTE DE SORVETE EM BAIXO DA GOTEIRA!

Sinto falta daquela magia. Da inocência dos velhos tempos e como tudo parecia uma história como João e Maria... sabe de uma coisa? Vou desmanchar minha chapinha, como um tributo à minha infância, da próxima vez que fizerem faxina no céu.

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